Arquitetura paramétrica: O que é e o que ela busca resolver
Já ouviu falar de arquitetura paramétrica? Se você é arquiteto é essencial que leia esse artigo. Se você é engenheiro, mesma coisa!
Hugo // 18 de outubro de 2021 // 19:00
Provavelmente você já ouviu falar de BIM ou até já o utiliza no seu dia a dia. Mas qual é a história do BIM, qual é a sua origem, como chegamos no patamar que nos encontramos hoje?
No artigo de hoje falaremos sobre como se deu o crescimento da necessidade de representar graficamente nossos empreendimentos e como surgiram as ferramentas gráficas que utilizamos atualmente.
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Quando olhamos para a história das primeiras construções realizadas pelo homem, fica fácil perceber que desde os primórdios da civilização o ser humano vem buscando maneiras de trabalhar em conjunto para atingir um objetivo em comum, em especial no que se trata da construção de edificações.
É interessante observar o aspecto coletivo que caracteriza a construção.
Uma única pessoa jamais conseguiria construir sozinho uma edificação de maior escala. Ela precisaria da ajuda de outros para transportar e montar as pesadas peças que o compõem, e, se uma atividade é coletiva, algum processo de comunicação se faz necessário.
Podemos assumir que existia a figura do ‘proprietário’, que precisou conceituar e de alguma forma comunicar a outras pessoas quais eram as suas ideias para executar aquela obra.
Qual teria sido a sequência utilizada por essas pessoas primitivas para a montagem dessas construções de pedra?
É bem provável que tenham usado algum método organizado pois é impensável que tenham realizado um processo de tentativa e erro até acertarem, o esforço seria simplesmente muito grande.
A figura do ‘proprietário’ da construção perderia rapidamente seus colaboradores se utilizasse um processo tão ineficiente quanto esse.
Analisando a arquitetura da antiguidade, dos egípcios, babilônicos, persas e as evidências históricas da arquitetura dos gregos e romanos, fica evidente que os processos de organização de trabalho eram bem diferentes dos atuais.
Uma das mais perceptíveis diferenças talvez seja a falta de uma documentação relacionada a execução dessas edificações, já que apenas um profissional era responsável por todos os processos e projetos.
Ele era conhecido como arquiteto ou construtor.
Apenas com o passar do tempo que a especialização do trabalho foi sendo implantada.
Falando agora um pouco sobre os projetos, a busca pela construção de uma linguagem visual para a representação técnica de produtos, teve início próximo ao Renascimento, momento onde a demanda por expressões realistas que fornecessem credibilidade às representações estava em alta, principalmente devido ao crescente interesse pelo funcionamento do mundo físico.
Noções de desenho técnico como a representação em escala foram de inestimável valor para o progresso tecnológico da civilização ocidental.
O desenho técnico, entretanto, só veio a se tornar efetivamente uma disciplina em meados do século XVIII graças às demandas da revolução industrial que impuseram uma necessidade para melhores representações gráficas que atendessem o desenvolvimento de produtos mais complexos.
Porém, as demandas da sociedade por produtos cada vez mais sofisticados em termos de desempenho, ergonomia, segurança, etc., não pararam de crescer, impulsionando assim um progresso industrial, que as tradicionais ferramentas de desenho, já não conseguiam mais atender.
Foi nesse ambiente que se deu início à aplicação de ferramentas computacionais.
Na década de 1960 grandes empresas do setor automobilístico e aeronáutico passaram a utilizar computadores para facilitar o desenvolvimento do traçado e na resolução de problemas geométricos.
Em 1968, o engenheiro francês Pierre Bézier da Renault desenvolveu uma ferramenta para desenho de peças automotivas chamado de UNISURF, considerada a precursora das ferramentas CAD (Computer Aided Design).
No fim da década de 1970 e início da década de 1980, o surgimento de empresas especializadas no desenvolvimento de softwares com base no CAD, como a Dassault Systèmes e a Autodesk possibilitou a disseminação da plataforma que eventualmente passou a fazer parte do dia a dia de empresas desenvolvedoras de produtos.
A plataforma CAD revolucionou o mercado, pois forneceu aos seus usuários recursos que facilitaram a revisão e avaliação de projetos e que melhoram a precisão do traço.
Com o passar dos anos, a complexidade dos empreendimentos da engenharia civil passou a exigir um elevado nível de precisão, confiabilidade e principalmente de interoperabilidade que as ferramentas da plataforma CAD já não podiam mais dar conta.
No processo de projeto, o CAD (Computer Aided Design) já pode ser considerado uma ferramenta consolidada, embora a composição dos elementos de projeto ainda resulta da simples disposição de linhas no desenho, que não tem significado algum, o que impede a utilização dos atributos que aqueles traços representam.
Foi nesse contexto que se deu o surgimento do conceito do BIM. Não se sabe ao certo a sua origem, mas existem duas teorias principais.
A primeira atribui ao professor Charles M. Eastman a criação de conceito bastante similar ao BIM, porém, na época (década de 1970) fora chamado de Building Product Model (BPM).
Entretanto, a teoria mais popular assume que na década de 1980, o arquiteto Jerry Laiserin iniciou uma organização chamada de International Alliance for Interoperability (atual BuildingSmart) que tinha como objetivo melhorar o intercâmbio de informações entre os softwares.
De acordo com o próprio, a primeira aplicação do BIM nasceu com o conceito de Edifício Virtual do ARCHICAD Graphisoft da Nemetschek, na sua estreia em 1987.
Desde então, outras empresas passaram a trabalhar nesse segmento, englobando as áreas
de análises de compatibilidade, modelagem, dimensionamento, instalações, análises termo acústicas, etc.
Algumas destas companhias, como a Autodesk e a Bentley exerceram um papel essencial no programa de adoção em larga escala dessa nova tecnologia quando foi realizada em Seattle, nos Estados Unidos, no ano de 2003 uma conferência de construção civil onde foi apresentada à GSA (General Services Administration) que é considerado órgão máximo de gestão de edificações públicas nos EUA.
A necessidade de uma modelagem em 3D parametrizada, integrada com o cronograma e
as análises energéticas das edificações, inspirou a implantação de um plano de adoção do BIM no setor público da construção americana e resultou na adoção em larga escala do BIM pelas empresas de projeto, construção e fornecimento de materiais da América do Norte.
E foi a partir daí que o BIM começou a ganhar notoriedade e passou a ser adotado em diversos locais do mundo.
Tudo tem um começo, um meio e um fim. A história do BIM não é diferente.
Como tudo na vida, as ferramentas de representação gráfica e gestão de obras surgiram devido a uma necessidade de se conceituar e organizar adequadamente a execução dos nossos empreendimentos.
Vimos como surgiram as ferramentas computacionais com esse propósito e como elas se desenvolveram até chegar ao momento atual.
Por isso é importante ficar antenado para as novidades que surgem no meio da engenharia, só assim para ficar um passo à frente no mercado.
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Até um próximo tema!
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